Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus
Esta é uma história contada pela autora, através de seus escritos em forma de diário, sobre sua própria vida. A autora morou na favela do Canindé em São Paulo, com três filhos, cada qual de pai diferente, mãe solteira e negra, narra seu dia a dia entre os anos 1.955 a 1.960. Ela escreveu como conseguiu sobreviver, trabalhando como doméstica e catadora de papel e materiais recicláveis. Chegou a cursar o segundo grau e gostava muito de ler. Uma mulher que mesmo sendo humilde, já tinha uma visão muito clara sobre tudo que via acontecendo ao seu redor e até opinava em relação à política. Sobre os políticos ela falava que eles só apareciam na favela em épocas de eleições, tinha muita fé em Juscelino Kubitschek, mas também se decepcionou com ele, pois ela achava que a democracia e os políticos estavam muito fracos. Esclarecida e politizada que era sempre fazia várias denúncias do que acontecia na favela, onde retratava como viviam, da falta de saneamento básico, e outros cuidados mínimos para uma sobrevivência descente. Falava sobre sua relação com seus vizinhos que implicavam muito com seus filhos. Um dos filhos sempre estava envolto em encrencas e chegou a parar no juizado de menores Tinha uma vida sofrida e batalhava muito para sobreviver, até lixo de açougue chegou a pegar para o sustento de sua família. Uma mulher que tinha muito orgulho de ser negra e sempre dizia que: "se morrer e poder voltar, quero renascer negra novamente". Falava que gostava muito de seus cabelos, pois eles são mais arrumados que os cabelos de brancos. Carolina sofre muito também com o preconceito de não ser casada, mas mesmo assim se sente agradecida, pois vê em sua vizinhança, muitas mulheres com maridos possessivos e abusadores, pelo menos este problema ela não enfrentava e mesmo sozinha era forte o suficiente para se garantir perante a sociedade machista em que vivia. Sempre fazia uma comparação quando ia à cidade, dizia ter a impressão de que estava em uma sala de visitas luxuosa e quando voltava para a favela entrava em um quarto de despejo. Tinha muita vontade de sair da favela e consegue, indo morar em um sítio. Um livro, que foi muito questionado sobre a autenticidade do texto, pois foi através do jornalista Audalio Dantas que ele foi editado, mas sua autenticidade foi comprovada. Foi vendido em um ano, mais de 100 mil livros. Apesar de ter se passado mais de 60 anos que foi escrito, os problemas no Brasil continuam sendo os mesmos, nada mudou.
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Agosto 2024
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